

Confira o Trailer do filme:
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Twitter, Facebook, Blogs. Quantas milhares de redes sociais nos deparamos atualmente? Nunca foi tão fácil ter acesso à tanta informação e produção de conhecimento. A rapidez, celeridade, agilidade e aptidão, juntamente à tecnologia e curiosidade, vêm transformando a circulação e transmissão de informações na Internet. As notícias se transformaram em definitivos work-in-progress: ajuste, acréscimos, reduções. O tempo é ouro e a velocidade supera as barreiras da veracidade. “Mais dromocracia e menos democracia” já dizia Paul Virilio.
O que o mundo tem vivido atualmente é semelhante a um processo que nos faz lembrar nossas aulas de história, onde as antigas colonizações territoriais eram marcadas por batalhas e guerras. O domínio, como a palavra sugere em sua essência, é objeto dos grandes e é uma arma poderosa. No nosso século, o domínio é dado através da tecnologia e tem como características marcantes a desigualdade e a exclusão.
Ao parar para analisar o surgimento e desenvolvimento da Internet, podemos constatar a hierarquização de acesso às informações. Sistemas são regidos por senhas, protocolos e termos de contrato. Ao se fazer um email, por mais simples que se pense ser o processo, há um termo de contrato a ser lido (o que poucos ou quase nenhum de nós o fez). Há uma centralização de operações de alguém superior e que embora não possamos vê-lo, existe. E mesmo que não possamos vê-lo ou ter contado direto, não quer dizer que a internet possui estrutura descentralizada: existe alguém(s) em posição privilegiada de influência nos rumos da apropriação social da rede.
É um jogo perigoso. Hoje nos tornamos dependentes da internet e os avanços dessa conexão são importantíssimos na sociedade. Esses avanços ultrapassam limites territoriais e temporais, tornando associados a questões políticas e econômicas. E o processo de apropriação dos bens de novas tecnologias (ou informações ou de qualquer outro processo que tenha hierarquia como base) transforma-se em algo como uma espécie de ‘pirâmide social’ de domínio. No caso da Internet, no topo dessa pirâmide estará a elite cibercultural com a máxima capacidade e condições fornecidas pelas novas tecnologias de informação. No centro, aqueles que têm acesso a estas novas tecnologias. Na base, está a grande maioria: os desprovidos de qualquer recurso para acompanhar a velocidade das transformações. Não há espaço e muito menos tempo para a base da desigualdade e é isso que Virilio deixa claro em sua obra: “na cibercultura quem for mais veloz terá acesso a uma posição tecnicamente qualificada no mercado de trabalho, acesso a um rendimento anual médio satisfatório, acesso ao universo interativo da informação, acesso às novas formas de atividades de lazer virtual, acesso, enfim às tendências majoritárias da era em curso”. Um lugar que sonhamos utopicamente ser uma “zona neutra” nada mais é que um grande tabuleiro. Nós somos os peões que jogamos os dados e avançamos as casas de acordo com as regras.
Porém também somos os protagonistas desse jogo de interesses. Do mesmo modo que a elite cibercultural se interessa em investir nas inovações e estar cada vez mais por dentro dos lançamentos do mercado, a classe inferior que tem pouco ou nenhum acesso a internet esta começando a sentir a necessidade de conhecer as novas mídias e se tornarem personagens dessa história, porém nem sempre têm condições de estar ativos nessa mídia. Devido aos constantes lançamentos, quem não tem o novo esta fora de “moda”. É neste sentido que a inclusão digital nunca vai ser igual para todas as pessoas.